domingo, 13 de abril de 2008

Joaquim ouvia distraidamente o quarteto de cordas enquanto os seus pensamentos vogavam por entre assuntos triviais como a conta da luz que tinha que pagar até Terça-feira, a lâmpada gigante que tinha visto num bar a servir de candeeiro e a explicação da corrente eléctrica que lhe tinham ensinado no ciclo preparatório. Num outro nível de pensamento processava as imagens das pessoas que o rodeavam e imaginava as suas vidas, parando aqui e ali numa ou outra rapariga mais bonita para introduzir-se nas narrativas que ia construindo, interagindo com elas e estabelecendo relações fantásticas ora fugazes ora duradouras. Era sempre assim quando estava em silêncio ao pé de muita gente: na sala de espera de um consultório, no metro ou autocarro ou numa estação de comboios, mas num concerto como este, tinha ainda a música, cuja estrutura ia servindo de contraponto ao fluxo de ideias.

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